Na sua conferência intitulada Dioniso: Sol Negro entre os olímpicos, José Pedro Serra defendeu que o culto e a imagem de Dioniso na Grécia antiga, com uma forte associação ao mundo da natureza e dos animais, correspondia a uma identidade cultural que reconhece em si não só um lado solar como um lado mais negro, num tempo que é apresentado como o berço da racionalidade ela relembra o papel fundadamental da loucura.
A matriz helénica do pensamento ocidental faz com que pensemos há séculos com base em lógicas dicotómicas. Bem, mal, natureza, cultura, civilização, barbárie, nós e os outros... a figura de Dioniso, em contraponto com figuras mais luminosas como Apolo, corresponderia a uma lógica de passagem, no devir entre a vida e a morte os indivíduos tornam-se secundários e marginais, o movimento é, ele sim, imortal. A omofagia, efectiva no culto de Dioniso, ou simbólica é a única hipótese de imortalidade para um mortal?
Dou por mim a pensar como os paradoxos são paradoxais... como uma balada de Motörhead :D
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