quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Jactância

Gosto de palavras caras, gosto de as ouvir perfeitamente contextualizadas.
A conferência de José Pedro Serra sobre O Fulgor da Grécia o olhar, a palavra, o gesto No espelho da tragédia foi, além dum contributo para a cultura geral, uma ocasião de ouvir palavras como estultícia e jactância.
A abordagem seguida foi aliciante, da génese da tragédia no século quinto antes de Cristo à tragédia dos dias de hoje no século vinte e um pós Nietzsche. A tragédia clássica corresponderia a um espaço de reflexão sobre as grandes questões filosóficas, o pathos das personagens espelhava o sofrimento da humanidade na busca de sentido para a vida.
Nas sociedades actuais essa busca, afogada no relativismo pós-moderno e no hedonismo, teria sido abandonada. Chegámos ao que JPS chamou de tragédia da linguagem, a morte de Deus legou-nos a perdição do sentido, a palavra desorientou-se, perdeu-se, já não diz nada, já não exprime a dor.
A mim seduziu-me, sobretudo, a ideia de que há séculos e séculos que andamos intrigados com a mesma questão. O sentido da vida... a glória de uma explicação, profana ou religiosa, está reservada aos crentes, os restantes têm que se entreter com as questões, podermos fazê-lo é um privilégio... significa que não tivemos o azar de nascer escravos.
Porque isto da filosofia é como a dieta... podemos até achar que não mas todos seguimos uma.

2 comentários:

  1. De uma jactância estulta é não te ler...
    Desta vez não assino, mas inclino-me perante a tua filosofia que desconheço mas que já me agrada.

    A

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  2. Se fosses mas é trabalhar em vez de ires ouvir um gajo falar de estupidez e de vaidade... É assim o país!!!

    ou como diria o Casca

    "Há 25 longos anos nasceu aquilo de que todos estavam à espera: uma TV eximida, franqueada, licenciosa e dissoluta. Dissolutas tão só porque franqueada, franqueada porque eximida, eximida sem, no entanto, deixar de ser licenciosa. O que é, afinal, o que o povo português esperava de nós: uma programação com 2.8% de eximismo franqueado, de dissoluto silencioso, e principalmente de franquesismo eximado, sem os quais não teria sido possível fazer uma televisão clara e com uma linguagem simples e acessível, que toda a gente ainda hoje perceba."

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