sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Os Maias no Trindade

Há muito tempo que não ia ao teatro, há muito tempo que não me ria tanto.
A adaptação do clássico de Eça foi muito bem conseguida e tal como na obra original, mais do que a história do amor de Carlos da Maia e Maria Eduarda, é a crítica da sociedade portuguesa que seduz o espectador. País de personagens bem-falantes, poetas de livros de rimas, deputados papalvos, jovens promessas da ciência e da literatura que se perdem no sentimento e na ociosidade e não passam disso mesmo... país com falta de gente competente, país à beira da bancarrota, em constante emulação da Luz estrangeira.
A mestria de Eça está no retrato mordaz que constrói de tudo isso, a paródia da retórica romântica, da questão coimbrã, do debate entre laicos e católicos, a superior ironia, reflectida na brilhante personagem de João da Ega, está no facto de sermos nós os falhados da vida.

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