Porque, quando a primeira música da manhã nos incita a seguir a beleza e a juventude, os dias serão tudo menos ordinários. Não desperdicemos o amor e deixemo-nos guiar pelas meninas bonitas que há em nós... se Chronos é um titã que devora os seus filhos e a ilusão verde de pouco valeu contra a máquina bávara... a arte da vida pode ser eterna na brevidade de cada instante. As ilusões, como os dias, só serão ordinárias se o quisermos!
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Dias santos
Nos dias santos dorme-se até tarde, apanha-se o comboio para onde o coração manda, passeia-se sem destino por ruelas de boa memória, folheia-se um novo livro, o sol reflecte-se em olhos que sonham, partilham-se barrigadas, crocodilos e jacarés.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Os Maias no Trindade
Há muito tempo que não ia ao teatro, há muito tempo que não me ria tanto.
A adaptação do clássico de Eça foi muito bem conseguida e tal como na obra original, mais do que a história do amor de Carlos da Maia e Maria Eduarda, é a crítica da sociedade portuguesa que seduz o espectador. País de personagens bem-falantes, poetas de livros de rimas, deputados papalvos, jovens promessas da ciência e da literatura que se perdem no sentimento e na ociosidade e não passam disso mesmo... país com falta de gente competente, país à beira da bancarrota, em constante emulação da Luz estrangeira.
A mestria de Eça está no retrato mordaz que constrói de tudo isso, a paródia da retórica romântica, da questão coimbrã, do debate entre laicos e católicos, a superior ironia, reflectida na brilhante personagem de João da Ega, está no facto de sermos nós os falhados da vida.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Paradoxos
Na sua conferência intitulada Dioniso: Sol Negro entre os olímpicos, José Pedro Serra defendeu que o culto e a imagem de Dioniso na Grécia antiga, com uma forte associação ao mundo da natureza e dos animais, correspondia a uma identidade cultural que reconhece em si não só um lado solar como um lado mais negro, num tempo que é apresentado como o berço da racionalidade ela relembra o papel fundadamental da loucura.
A matriz helénica do pensamento ocidental faz com que pensemos há séculos com base em lógicas dicotómicas. Bem, mal, natureza, cultura, civilização, barbárie, nós e os outros... a figura de Dioniso, em contraponto com figuras mais luminosas como Apolo, corresponderia a uma lógica de passagem, no devir entre a vida e a morte os indivíduos tornam-se secundários e marginais, o movimento é, ele sim, imortal. A omofagia, efectiva no culto de Dioniso, ou simbólica é a única hipótese de imortalidade para um mortal?
Dou por mim a pensar como os paradoxos são paradoxais... como uma balada de Motörhead :D
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
The Wrestler
Gosto de wrestling. Gosto de um mundo a preto e branco, em que os bons ganham com lealdade e os maus são derrotados e expostos na sua fraqueza... mesmo que seja a fingir, com acrobatas mais ou menos circenses. Gosto de heróis e histórias com moral.
The Wrestler não é sobre wrestling. Não é sobre luzes e brilhos mas sobre um mundo cinzento em que por vezes, como cantavam os outros, sangramos só para perceber que estamos vivos. Sobre as personagens que criamos na busca de um sonho e a dificuldade em perceber que por trás das máscaras e dos nomes, muitas vezes, não sobra muito... por vezes já nem o sonho.
É um bom filme com um desempenho brilhante de Mickey Rourke.
Moral da história: não há heróis mas ainda há bons actores que quase nós fazem acreditar.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Blues de Um Gato Velho
Com um título e uma capa destas foi amor à primeira vista.
A quadra do Human Touch do Bruce só despertou ainda mais o interesse. Há muito tempo que não me dava tanto prazer descobrir um novo livro, um novo autor, Óscar Málaga Gallegos. Uma escrita muito poética, sensual e cheia de portas e janelas para a interpretação se perder em múltiplos sentidos.
Já reconheci que gosto de gatos.
Admiro essa estranha calma com que lambem, dia após dia, as partes mais sagradas do seu corpo de gatos. Pensei sempre que refrescam as feridas de um amor antigo. Que têm a recordação de outra língua gravada na pele, que lamber-se é a sua nostalgia de gatos.
Regressando a uma das minhas preferidas do Bruce, For You.
And who am I to ask you to lick my sores?
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Namorar
Não namora quem quer... namora quem sabe que a vida é feita de cada dia, de cada palavra, de cada sorriso, quem se entrega a ela sem medo, com a alegria de um cão rafeiro e a doçura de uma criança. Quem junta os pequenos nadas num grande álbum colorido e o partilha como um tesouro reencontrado, quem nos seus silêncios gosta do eco de outras vozes, de outros olhares, quem ousa sonhar junto...
Sejamos optimistas namoremos a vida!
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Gelatina de Morango
Ao almoço levou-me de volta à mesa do infantário onde as tigelas de plástico vermelho eram aguardadas com impaciência e celebradas com alegria. Porque há coisas na vida que é bom saber, ontem como hoje, doces, frescas e transparentes.
Jactância
Gosto de palavras caras, gosto de as ouvir perfeitamente contextualizadas.
A conferência de José Pedro Serra sobre O Fulgor da Grécia o olhar, a palavra, o gesto No espelho da tragédia foi, além dum contributo para a cultura geral, uma ocasião de ouvir palavras como estultícia e jactância.
A abordagem seguida foi aliciante, da génese da tragédia no século quinto antes de Cristo à tragédia dos dias de hoje no século vinte e um pós Nietzsche. A tragédia clássica corresponderia a um espaço de reflexão sobre as grandes questões filosóficas, o pathos das personagens espelhava o sofrimento da humanidade na busca de sentido para a vida.
Nas sociedades actuais essa busca, afogada no relativismo pós-moderno e no hedonismo, teria sido abandonada. Chegámos ao que JPS chamou de tragédia da linguagem, a morte de Deus legou-nos a perdição do sentido, a palavra desorientou-se, perdeu-se, já não diz nada, já não exprime a dor.
A mim seduziu-me, sobretudo, a ideia de que há séculos e séculos que andamos intrigados com a mesma questão. O sentido da vida... a glória de uma explicação, profana ou religiosa, está reservada aos crentes, os restantes têm que se entreter com as questões, podermos fazê-lo é um privilégio... significa que não tivemos o azar de nascer escravos.
Porque isto da filosofia é como a dieta... podemos até achar que não mas todos seguimos uma.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Coisas de Coração
No dizer de Pessoa é um comboio de corda que entretem a razão, músculo essencial, metáfora permanente... o coração é tudo aquilo que fazemos dele. Alimentá-lo exige imaginação, generosidade e memória. Por ele somos tudo e todos que amamos, verbo para sempre conjugado no presente porque o amor pode e deve ser eterno. As alegrias, as tristezas, as vitórias e as derrotas são sempre nossas e também de todos aqueles que mantemos vivos no nosso peito... porque eles estão cá para sempre.
O tempo, o tempo só aumenta a saudade.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Um dia destes...
Um dia destes vou sentar-me e escrever uma longa carta a todos os bons amigos que conheci... enquanto não o faço vou guardando as imagens - os desenhos das nuvens na travessia da Vasco da Gama pela manhã de Domingo - os sons - as rodas sobre a areia, nas poças - os cheiros - a chuva e a eucalipto - e os sabores - da areia, das gotas, de um bom almoço após uma grande pedalada.
Parece que a vida é feita de pequenos nadas e muitos lugares comuns.
Procurando... e dançando.
Parece que a vida é feita de pequenos nadas e muitos lugares comuns.
Procurando... e dançando.
The Killers - Human
Enviado por The-Killers
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