quarta-feira, 4 de março de 2009

Um homem na escuridão

Mestre do surrealismo real, senhor de uma capacidade narrativa impressionante, cruzando um olhar cinematográfico com uma escrita depurada, Paul Auster é por vezes criticado por repetir temas, situações, ser previsível. Um homem na escuridão, apresentado na contracapa como um doloroso somatório de todos os seus livros, é um bom livro fala de criação e de escrita, de cinema e interpretação... de mundos paralelos, de guerras na e contra a escuridão, da narrativa como identidade.

... mas como impedir a mente de partir à desfilada seja lá para onde for que ela queira ir? A mente tem uma mente que é só dela. Quem é que disse isto? Alguém, ou então fui eu próprio que acabei de o inventar, bom, mas isso também não faz diferença nenhuma. E cá vamos nós inventando máximas a meio da noite - estamos a avançar, meus amores e, por muito torturante e desesperante que esta embrulhada possa ser, a verdade é que também há poesia nela, enfim, desde que uma pessoa seja capaz de encontrar as palavras certas para lá chegar, isto partindo do princípio de que tais palavras existem. Sim (...) a vida é decepcionante. Mas eu também quero que tu sejas feliz.

Se, como diz Günter Grass, quem escreve desiste de si próprio quem lê investe em si próprio?

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